Todo Tempo Que Temos: (We live in time): Reflexão sobre o filme

 Uma análise do filme We Live in Time, protagonizado por Florence Pugh e Andrew Garfield

Assisti a Todo Tempo Que Temos (We Live in Time), um filme delicado e emocionante dirigido por John Crowley, com Florence Pugh e Andrew Garfield. 

Não se preocupe, não vou dar spoiler. Talvez, um pouquinho só pra contextualizar. 

O longa explora o impacto do tempo na vida de seus protagonistas, Almut e Tobias, que vivem uma conexão intensa enquanto enfrentam a inevitabilidade da passagem dos dias. O filme é um lembrete meio clichê de que, embora não controlemos o tempo, podemos escolher como o vivemos. 

Na trama, os personagens constroem uma relação marcada pelo amor, mas também pelos desafios que o tempo impõe. Enquanto acompanhava suas histórias, fui levada a refletir sobre minha própria relação com o tempo.  Há tempos escrevo sobre esse tema. Assim como eles, muitas vezes também me perco entre o que já foi e o que está por vir, habitando raramente o agora.

O Tempo na Vida Real

O filme me trouxe memórias de um período em que o tempo parecia meu maior inimigo: durante meu tratamento para engravidar. Cada tentativa frustrada era um lembrete de que o relógio não para. Quando finalmente vieram os gêmeos, o alívio foi enorme, mas logo se transformou em outra corrida — agora, para equilibrar trabalho, maternidade e tudo o mais que exige nossa atenção.

Percebi que, como os personagens, muitas vezes vivo para o "depois". Adio  pausas, mensagens, ligações, cuidados pessoais, acreditando que o tempo estará sempre à minha disposição. Mas, como nos lembra o filme, o tempo é um recurso finito, e nossa única garantia é o presente.

Abraham Heschel e a Arte de Estar Presente

Enquanto refletia sobre o impacto do filme, lembrei-me das palavras do filósofo  judeu Abraham Heschel, que descreve o Shabbat como um “palácio no tempo”. Heschel ensina que, enquanto estamos ocupados construindo coisas no espaço — casas, carreiras, conquistas —, esquecemos de arquitetar o tempo. O Shabbat, em sua essência, é um convite para pararmos. Para respirar. Para valorizar o momento presente, Para transformar o agora em algo sagrado.

Todo Tempo Que Temos nos oferece a mesma mensagem: viver plenamente não é sobre ter mais tempo, mas sobre estar presente no tempo que temos. É sobre desfrutar nossos próprios “Shabbats” no cotidiano, mesmo que sejam breves, Só 24 horas para pausar, respirar e apreciar a vida como está, como é.

Conclusão: O Que Ficará?

O título original do filme, We Live in Time, talvez capture melhor sua essência. Ele nos convida a refletir não apenas sobre o tempo que temos, mas sobre como o habitamos. Não é uma lição fácil. Para mim, o filme foi um lembrete gentil, mas firme, de que o presente não espera. Talvez possamos aprender com ele a transformar o agora em algo que realmente importa.

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