A vida tem dessas coisas
Correu a notícia: Morreu o Sarapó.
Oh, que gafe! Sei que ele não gostava de ser chamado assim. No entanto, para falar a verdade, nem sei o seu verdadeiro nome.
Eu que não entendo nada de pesca, ouvi dizer que "Sarapó" é uma espécie de peixe, muito usada como isca pelos pescadores.
Oh, que gafe! Sei que ele não gostava de ser chamado assim. No entanto, para falar a verdade, nem sei o seu verdadeiro nome.
Eu que não entendo nada de pesca, ouvi dizer que "Sarapó" é uma espécie de peixe, muito usada como isca pelos pescadores.
Reagia rudemente toda vez que lhe chamavam de "Sarapó". Talvez por isso é que o apelido tenha "pegado". É sempre assim, se não gostamos do apelido, daí é que ele "pega".
Toda quarta-feira, dia das audiências contra o INSS, lá estava o Sarapó. Pasta embaixo do braço, cheia de códigos e outras papeladas que ele fazia questão de mostrar. Queria ser visto como um "homem da lei". Contudo, as más línguas dizem que ele mal sabia ler.
Um dia, tentando se nivelar em importância com um oficial de justiça, ele disse: "Eu sou da área federal, entendeu?"
Portava sempre um crachá, identificando-se como representante dos idosos. "Mão amiga".
Na verdade, seu "cargo" principal era de testemunha. Sentava na cadeira de testemunha e repetia sempre o mesmo discurso. Aquilo lhe dava sentido a vida.
Na verdade, seu "cargo" principal era de testemunha. Sentava na cadeira de testemunha e repetia sempre o mesmo discurso. Aquilo lhe dava sentido a vida.
Não sei se teve família, filhos ou irmãos. A mim, parecia um homenzinho solitário. No entanto, orgulhoso de seu papel na comunidade.
Entristeci-me com a notícia de sua morte. Morreu solitário, como sempre viveu. Triste morrer solitário...
Sentirei sua ausência às quartas-feiras.
Sentirei sua ausência às quartas-feiras.
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