Homens de Bolsa
Têm atitudes que todo o homem deveria cultivar.
Refiro-me aqueles que prezam por ser corteses, cavalheiros, gentis. Homens que abrem a porta do carro para a mulher entrar. Que puxam a cadeira para ela sentar. E que, por vezes, lhe surpreendam com um café da manhã na cama.
As mulheres suspiram diante de um "romântico à moda antiga". Mordem-se de inveja quando veem uma felizarda com um destes exemplares raros, já em extinção.
Meu pai sempre foi um gentleman. Nas festas, minha mãe sentava-se com as amigas em uma mesa. Ouvia-lhes os comentários a respeito dos gestos corteses do meu pai no trato com ela, mesmo após tantos anos de casamento.
Meu "Complexo de Electra", mal resolvido, talvez tenha me levado a encontrar um homem que também cultive gentilezas à moda antiga.
No entanto, há determinados gestos que jamais devo esperar do meu marido.
Ao andar pelas ruas, vejo mulheres saindo às compras com seus maridos ou namorados. É cada vez mais corriqueiro ver homens carregando as bolsas de suas companheiras. Fico admirada com o gesto.
Com efeito, é sabido que a maioria dos homens sequer suporta sair às compras com suas mulheres. Para isso existem as amigas.
Impor aos homens uma tarde no Shopping é fazê-los passar por um verdadeiro teste de paciência. A via crucis do final de semana.
Nós mulheres, às vezes, saímos de casa com a ideia de que "precisamos" de alguma coisa, ainda não bem definida. Depois de muito andar, descobrimos, por exemplo, que precisamos “urgentemente” de um sapato. Mas logo a seguir, nos convencemos que aquele sapato não será nada se não estiver acompanhado de uma bolsa ou cinto. Então reiniciamos a procissão, garimpando nas lojas o modelo ideal, os melhores preços e formas de pagamento.
Neste aspecto, não posso me queixar do meu marido. Lado a lado, sem queixas ou resmungos, ele percorre a maratona das lojas comigo. É claro, desde que lhe seja assegurada uma pequena recompensa: a parada para o café expresso.
Finalizadas as compras, ainda posso contar com sua ajuda para carregar as sacolas das compras. Mas, nunca no papel de "carregador de bolsa".
De fato, minhas bolsas aumentaram de tamanho na mesma proporção em que os anos se passaram.
Logicamente, elas precisam ser grandes o suficiente para levar meu "arsenal" básico: a necessaire dos remédios - indispensável para uma hipocondríaca de carteirinha -, além da bolsinha de maquiagem, a agenda, a carteira, o celular, os carimbos, a chave reserva do carro, o estojo de óculos etc. Isso sem mencionar as chupetas, paninhos, brinquedinhos - coisinhas dos bebês que aparecem misteriosamente na minha bolsa.
Em certa ocasião, ao fazer uma limpeza, retirei os mais variados objetos. Inclusive um pé de chinelo das crianças, o que me fez comparar minha bolsa com a roupa do "Capitão Caverna", personagem de um desenho animado dos anos 80.
Naturalmente, quanto maior a bolsa, mais pesada ela será. Submetemos a teste toda a sua potencial capacidade, enchendo-a mais e mais.
Embora pesada, tal circunstância não comove nem um pouco o meu marido. Faz vistas grossas para meus ombros se curvando ante o sobrepeso. Não se importa se as alças estão prestes a romper.
A situação resolve-se com base no princípio de direito civil, segundo o qual " a propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário". Sendo a proprietária, posso usar e fruir da minha bolsa, porém, devo responsabilizar-me pelo seu transporte.
Esses dias, vi um rapaz exercendo sua função de "carregador de bolsa" da namorada.
Mostrei a cena para o Ricardo e com ar de provocação lhe perguntei:
"- Amoooor.... Por favor, carrega a minha bolsa?
- Ora! Onde se viu homem de bolsa?!
- Ah, que mal tem? É só uma bolsa.
- De jeito nenhum!! A bolsa é sua. Carregue você! Onde já se viu, homem andando de bolsa".
Realmente, é cada vez mais raro ver um homem puxando a cadeira para a esposa sentar ou lhe abrindo a porta do carro. Entretanto, tenho visto vários homens que, sem nenhum constrangimento, colocam a bolsa feminina embaixo do braço e saem a passear tranquilamente com suas companheiras.
A princípio cogitei de uma espécie de divisão de tarefas. Contudo, percebi que a mulher não estava carregando um bebê ou levando as sacolas de compras. Então conclui que se tratava de uma nova convenção social. Ou o que poderia ser denominado de "gentileza" do "romântico contemporâneo".
Observando os "carregadores de bolsas", verifiquei que há variações no comportamento masculino.
Alguns levam a bolsa feminina como se fosse um saco de batatas. Seguram o objeto apenas com uma mão, na altura dos joelhos. Braço rígido junto ao corpo. As alças não existem. Sua expressão corporal denota um ar de rebeldia ao serviço imposto. Submetem-se, contudo, à vontade da companheira.
Outros, seguram a bolsa pelas alças, quase arrastando no chão. Demonstram estar prestando um serviço temporário. Limitado no tempo. Somente o suficiente para que ela saia do provador. Assumem o papel de depositários, contando os minutos para se desfazer da depósito compulsório do objeto. Com a atitude, querem deixar explícito que não têm nenhuma relação de intimidade com o tal objeto.
Por outro lado, existem aqueles que se tornam usufrutuários. Independentemente do modelo, cor ou tamanho, carregam as bolsas femininas com absoluta naturalidade. Pouco importa se a cor não combina com os seus sapatos. Aproveitam para guardar a carteira e a chave do carro. Não se importam se o acessório pode arranhar sua imagem máscula e viril. Tencionam agradar apenas e tão-somente a companheira ao seu lado. Quiça dar-lhes um pouco de descanso aos ombros. Não parecem fazer caso para o que pensam os demais.
Para os conservadores, "românticos à moda antiga", pode ser difícil assimilar os novos tempos e modismos. Para estes, carregar a bolsa da mulher é um atentado contra a sua masculinidade. Submissão absoluta.
Logo suspeitariam de um iminente domínio feminista, com consequências irreversíveis.
Temeriam por ordens expressas para baixar a tampa do vaso, pendurar a toalha molhada no varal, juntar os sapatos do meio da casa. E, derradeiramente, correriam sérios riscos de serem obrigados a fazer "xixi" sentados - signo de humilhação masculina.
Temeriam por ordens expressas para baixar a tampa do vaso, pendurar a toalha molhada no varal, juntar os sapatos do meio da casa. E, derradeiramente, correriam sérios riscos de serem obrigados a fazer "xixi" sentados - signo de humilhação masculina.
Não. Jamais esperarei do meu marido esse simples gesto de carregar a minha bolsa. Afinal, ele é um romântico à moda antiga.
Ainda que eu esteja exausta de tanto carregar o "contêiner " nos ombros, no máximo, - no final do passeio -, vou vê-lo abrir a porta do carro e "arremessar" a dita bolsa no banco traseiro.
Bem, já é alguma coisa.
Podem me chamar de careta ou quadrado, mas se for preciso andar de bolsa para perder este rótulo, prefiro continuar assim. Me sinto elogiado ao ser chamado de amante a moda antiga. Tenho visto muito, principalmente nos shopping centers, homens andando, e me parece até com um certo orgulho, com as bolsas de suas esposas ou namoradas, e não é porque elas estejam com as mãos ocupadas, pois normalmente estão de mãos vazias. Não consigo entender por que carregam a tal da bolsa, talvez sejam os tais homens “fofo”, que ultimamente parece fazer sucesso entre as mulheres. Se elas não querem carregar, por que não deixam em casa? Sinto muito Lisandre, acho que só carregarei tua bolsa agora neste período que tens andado de muleta, mas jamais no ombro, no máximo segurando com uma das mãos, como quem carrega um saco de carvão. Um beijo. Ricardo Schwertner.
ResponderExcluirOh, Ricardo.
ResponderExcluirTu tens me carregado no colo. Então, pouco me importa se carregas minha bolsa, nesses dias de parcial imobilidade, feito um saco de carvão. E, olha que Carpinejar diria que essa é uma forma de fazer charme para o "mulherio"(rsrsrsrs).
Carrego minha bolsa sem problemas, mesmo que esteja pesada. Desde que tu me leves a tiracolo, estará tudo bem. Mil Beijinhos...
Sou um daqueles que prefere não carregar bolsa, mas não vê problemas em uma gentileza temporária quando as mãos femininas estão ocupadas, digo ocupadíssimas. Sempre seguro pela alça com o braço esticado! rs E esperando que seja por pouco tempo...
ResponderExcluirEm contrapartida, sempre deposito minha carteira. Andar com os bolsos livres não tem preço.
Tão boa quanto a crônica é a relação saudável de vocês dois.
Parabéns! Que sua bonita família esteja sempre junta por muitos e muitos anos!
Viva o amor! E as bolsas, também, pq não?!
É infelizmente esse tipo de homem esta cada vez mais raro. Esta em total extinção kkk más graças a Deus eu tenho inúmeros costumes a moda antiga, costumo dizer ke nasci em época completamente errada kk. Se me permite o espaço: Já imaginou ganhar 5 reais por cada cadastro sem gastar nada e 5 reais pelos cadastros dos seus indicados? Acesse esse link www.tv2010.com.br/vamosaosucesso1 Clike no final dele (lá em baixo no rodapé) em PROGRAMA DE AFILIADOS e faça o cadastro. Coloke ke seu blog tem no minimo 1 mil acessos diarios pra seu blog ser aceito. No prazo de 48 horas uteis é aceito. Abraços e sucessoo...
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